"[...]E por um momento haverá mais futuro do que jamais houve[...], mas houve a nossa harmonia, a eletricidade ligada no dia, em que brilharias por sobre a cidade" (Menino Deus, Caetano Veloso)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

As Aventuras do desencontro: perseguição a mim e a Cezar.

Deitado, fitando o teto como se estrelas me cobrissem

assim como a luz que a mim dizia ser lua cheia,

pensava em tu, mulher que atracou um homem na ilha

próxima do mar

Maria...

Pensei o quanto iludira a mim, e a Cezar,

se fez moça,

se fez donzela,

e... se fazendo de amor!

- Como os homens são tolos...

Eu sei... Pensavas isso.

Querias ser peça...

Querias ser poema...

Querias virar vida...

Querias a maior ser.

Se fez, na tua jura desmedida

por mim absorvido – não devo esquecer de Cezar iludira a ele também

complexas palavras iludidas – não devo esquecer: nos iludira...

Querias contracenar o maior amor!

O papel foi empoeirando, mofando no canto...

Te divertias com nossa ilusão.

domingo, 20 de setembro de 2009

A Festa

A festa possui os seus mistérios. Estou falando sério. Tem o mistério do não-ainda-acontecido:
- Vou a festa... O que deverá lá acontecer?
Tem o mistério das experiências vividas:
- Vou a festa... Já sei o que vai acontecer.
Tem o mistério da esperança:
- Vou a festa... Ah! Como eu quero que isso aconteça?
Tem o mistério do encontro:
- Será que ela estará lá?
Tem o mistério da dúvida:
- Vou com essa roupa... Será que vão gostar?

E assim a noite vai passando, os mistérios se tornam instantes vividos momentos, e o que se espera acontecer acontece... Ou não!

Estavamos ontem conversando sobre isso em uma certa festa que fui. Além de tais mistérios, a festa, nossa protagonista, permite que você converse de tudo sem pudor, sem censura, e em uma linguagem que não presizamos fazer pontuaçoes e nem coresões gramatias.
Surgem piadas... As brincadeiras tomam tons de diversas gargalhadas... A noite vai se esvaindo e as gargalhadas continuam pintando o ar com os sorrisos amarelados.
Uma hora passa uma bela mulher... Uma certa pausa... Começamos a entender as mulheres!
As roupas são bem escolhidas, os perfumes, as unhas com aquarelas de esmaltes bem escolhidos, o cabelo... E o gingado? Ah, esse sim, nunca esquecido.

-Boa noite!

A conversa continua e os olhos seguem as curvas.

-Eu sei amigo. Tem mulher que não tem igual a aquele. As mulheres sempre tem, só basta uma festa!

A festa...

Voltamos as gargalhadas, os mistérios tornam-se presentes e para quem esperava de certo o certo na verdade conheceu do nada o nada.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ingenuidade

"Hei de morrer de amar mais que pude"
Nunca me esqueço dessa ilustre frase de Vinícius de Moraes no seu célebre "Soneto de Amor Total". Essa frase é de acompanhar uma ingenuidade tão grande, tão exagerada, e tão desconexa do sentido do amar...! Me lembra muito dos meus 13 anos. Aliás, dos meus 12 anos. Garoto, sempre apaixonado, sempre iludido pelas mulheres que mantinham em pé por 24 horas (ah, não devo esquecer do bába - como é chamado aqui em Feira o futebol - que me libertava pelo menos em uma tarde a minha imaginação da vontade de dizer a aquela menina que a amo (?). Somente eu, em minha "grande" experiência de vida sabia o que era isso.
Meus tios diziam que eu era novo... Mas eu retrucava cada senso adulto que queria me governar. Eu acreditava, ponto final! E... Conheci as poesias de Cézar... Conheci as poesias de Gervásio... Conheci algumas outras que eu folheava no meu livro de português (risos...).
- Qual garoto que perderia uma noite para folear livro de português?
Eu não perdia uma noite, propriamente dita... Ganhava a esperança de sonhar.
Sonhava acreditar aquela negra, a quem eu me via tão apaixonado nos meus sonhos... Acordava com mainha me chamando para ir à escola. Brincava com meus colegas, jogavamos peão na hora do intervalo, e quando ela me aparecia - lá de longe - eu escondia o peão de suas vistas e começava a disfarçar. Eu me sentia de uma maturidade que superava a brincadeira de criança.
Ainda não consigo entender porque as meninas só preferem os caras mais velhos. E quando nos tornamos mais velhos elas preferem os mais velhos... Mais chega uma hora na vida que elas preferem os mais novos... Já me disseram isso:
- Eu não tenho problemas algum em ensinar! (já ouvi isso algumas vezes)
Fui crescendo... 14 anos e desfrutei de uma paixão, ou melhor não sejamos anacrônicos, um amor muy belo. Ela era linda! Negra, olhos negros, belo corpo - minha ingenuidade não permitiu que eu desfrutasse daquele gingado - e a nêga tinha uma simpatia explendida! Os tempos passaram, completei 15 anos e ainda a mantinha em meu pensamento...
Hoje eu entendo e quase encontrava minhas fugas nos sonetos de Vinícius... Nas poesias de Ubaldo... Nas poesias Surrealistas de Gervásio. A morte, que eu ia de morrer, era algo que corroía tanto por dentro, mais tanto por dentro, que era a morte da minha ingenuidade frente as deveras mortes que eu teria mais a frente.