"Hei de morrer de amar mais que pude"
Nunca me esqueço dessa ilustre frase de Vinícius de Moraes no seu célebre "Soneto de Amor Total". Essa frase é de acompanhar uma ingenuidade tão grande, tão exagerada, e tão desconexa do sentido do amar...! Me lembra muito dos meus 13 anos. Aliás, dos meus 12 anos. Garoto, sempre apaixonado, sempre iludido pelas mulheres que mantinham em pé por 24 horas (ah, não devo esquecer do bába - como é chamado aqui em Feira o futebol - que me libertava pelo menos em uma tarde a minha imaginação da vontade de dizer a aquela menina que a amo (?). Somente eu, em minha "grande" experiência de vida sabia o que era isso.
Meus tios diziam que eu era novo... Mas eu retrucava cada senso adulto que queria me governar. Eu acreditava, ponto final! E... Conheci as poesias de Cézar... Conheci as poesias de Gervásio... Conheci algumas outras que eu folheava no meu livro de português (risos...).
- Qual garoto que perderia uma noite para folear livro de português?
Eu não perdia uma noite, propriamente dita... Ganhava a esperança de sonhar.
Sonhava acreditar aquela negra, a quem eu me via tão apaixonado nos meus sonhos... Acordava com mainha me chamando para ir à escola. Brincava com meus colegas, jogavamos peão na hora do intervalo, e quando ela me aparecia - lá de longe - eu escondia o peão de suas vistas e começava a disfarçar. Eu me sentia de uma maturidade que superava a brincadeira de criança.
Ainda não consigo entender porque as meninas só preferem os caras mais velhos. E quando nos tornamos mais velhos elas preferem os mais velhos... Mais chega uma hora na vida que elas preferem os mais novos... Já me disseram isso:
- Eu não tenho problemas algum em ensinar! (já ouvi isso algumas vezes)
Fui crescendo... 14 anos e desfrutei de uma paixão, ou melhor não sejamos anacrônicos, um amor muy belo. Ela era linda! Negra, olhos negros, belo corpo - minha ingenuidade não permitiu que eu desfrutasse daquele gingado - e a nêga tinha uma simpatia explendida! Os tempos passaram, completei 15 anos e ainda a mantinha em meu pensamento...
Hoje eu entendo e quase encontrava minhas fugas nos sonetos de Vinícius... Nas poesias de Ubaldo... Nas poesias Surrealistas de Gervásio. A morte, que eu ia de morrer, era algo que corroía tanto por dentro, mais tanto por dentro, que era a morte da minha ingenuidade frente as deveras mortes que eu teria mais a frente.
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