terça-feira, 31 de maio de 2011
SÃO FRANCISCO DO CONDE
QUATRO CANTIGAS PARA RODELAS
Pôr do Sol em Rodelas, por Junior Vieira. |
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Os mistérios das Deusas Loucas, I
Sentado, ainda esperando as raízes do sol brotar inexplicavelmente sobre o meu trópico, penso por quais razões todas essas criações bandidas me fizeram. Não aguento mais esses gritos, esses alardes que se propagam ao som do toque; esses gritos que zombam dos mortais desconhecedores da loucura; desses mistérios que se escondem num bolso; desses mistérios que se escondem por trás de um belo semblante. Me disponho a deitar, e começo a colorir minhas intrigas; e começo a almejar um futuro; e começo a fazer parte desta novela; e começo a vê-la, intrépida e fogosa; e começo a negá-la… Nego! Nego porque você faz parte de minha cria, das minhas utopias, das minhas excitações… Começo a negá-la e me aproximo da convicção de que não tê-la, e não querer desejá-la, se confundem no maior acaso transversal da certeza. Começo a perceber que tê-la é transpor a atitude do irrealismo, é ser fugaz, é cadenciar quando estiver contigo, mas ser feroz enquanto você permanecer distante. É ser bicho. É ser. Não, não é ser bicho com nenhum vício ou apresentar-lhe rotina: é ser sagaz na escolha da presa. Lógico, não sou qualquer bicho. É, é verdade! É ser bicho para fazer tocaia e te pegar no primeiro descuido; ter a audácia de rasgá-la, sem sangrá-la: rasgar seu interior e plantar um ser de mim! Semear… Semear.
Não sei por quais razões insisto em ouví-la, não sei. Enquanto, inexplicavelmente, teus corpos transitam entre milhares e milhares de versos; cantarolando palavras de amor: musicais. Cantarolando, palavras de amor: termomentais.
TEMPO, TEMPO, TEMPO
Não tenho tempo, além
das provocações
A nossa geladeira anda vazia
Os nossos olhos perdidos no vazio
As nossas mãos soltas no mundo
Não tenho tempo.
Não tenho o casual, tempo
das provocações de cetim
ou sem cetim
A nossa geladeira anda tão vazia
Tenho vagas as lembranças de quando
nua dormias
Tenho um semblante opaco, nostálgico
Não tenho.
Não tenho a raiva daninha, das provocações
enquanto gozava, repetias
continua, continua, continua
eu te contendo, nua
esquecia: a nossa geladeira anda tão vazia
Esvaia o tempo.
As roupas espalhadas, provocadas
repetições
a vontade de mordê-la, comendo cada parte
e arrancá-la de uma vez por todas (novamente)
a calcinha
Confesso: seu corpo é tão belo quando está puro
Repetidas vezes, repetidas noites no escuro
Tempo, tempo, tempo.