"[...]E por um momento haverá mais futuro do que jamais houve[...], mas houve a nossa harmonia, a eletricidade ligada no dia, em que brilharias por sobre a cidade" (Menino Deus, Caetano Veloso)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

TEMPO, TEMPO, TEMPO

 

Não tenho tempo, além

das provocações

A nossa geladeira anda vazia

Os nossos olhos perdidos no vazio

As nossas mãos soltas no mundo

 

Não tenho tempo.

 

Não tenho o casual, tempo

das provocações de cetim

ou sem cetim

A nossa geladeira anda tão vazia

Tenho vagas as lembranças de quando

nua dormias

Tenho um semblante opaco, nostálgico

 

Não tenho.

 

Não tenho a raiva daninha, das provocações

enquanto gozava, repetias

continua, continua, continua

eu te contendo, nua

esquecia: a nossa geladeira anda tão vazia

 

Esvaia o tempo.

 

As roupas espalhadas, provocadas

repetições

a vontade de mordê-la, comendo cada parte

e arrancá-la de uma vez por todas (novamente)

a calcinha

 

Confesso: seu corpo é tão belo quando está puro

Repetidas vezes, repetidas noites no escuro

 

Tempo, tempo, tempo.

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