"[...]E por um momento haverá mais futuro do que jamais houve[...], mas houve a nossa harmonia, a eletricidade ligada no dia, em que brilharias por sobre a cidade" (Menino Deus, Caetano Veloso)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pollyana

A cada despedida é o lampejo sofrimento

perpetuo o teu corpo em cada gesto, na minha escrita

no pensamento.

Nos fitamos, cada gesto um preâmbulo

talvez selvagem, talvez bravador

a considerá-la como parte do meu devoro

a devorá-la feito prato e pão

a cercear a sua voz

gemidos, explosão, canção...

A mostrar que um animal

assim como sou de animal-homem

a devorá-la em tal instante

a amá-la endeusando-te mortal.

3 comentários:

  1. Jorge, como vai? Li seus poemas, e há coisas boas!
    Mas, penso que seu esforço para escrever de maneira erudita faz seus escritos ficarem menos belos. A simplicidade, se for elegante, também pode ser profunda, tocante e causar efeito. Outro detalhe: VC PRECISA conjugar adequadamente o sujeito e o verbo das suas frases, coisa que vc não se preocupa em fazer. Ex: "estrelas me cobrisse". O correto é: Estrelas que me cobrisseM. O SUJEITO, neste caso ESTRELAS, SEMPRE deverá concordar com o VERBO, neste caso COBRISSEM.
    Abraços

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  2. Sou grato pela colaboração, e a base gramatical que percebi faltar na maioria das minhas composições poéticas. Não há um esforço na composição poética da escrita de maneira erudita. O que existe são as impressões daquilo se vive, da busca pelo belo e pela musicalidade... A busca da descrição dos corpos, da sensibilidade intra-sentido - e a escrita esforçada, entediante, exaustiva e, por fim, encontrada.
    As vezes o erro de concordância "proposital", ou não, sugere uma musicalidade que seria quebrada com a conjugação correta do verbo em pessoa, número, gênero e grau. Mas os erros é para ser consertados... (proposital)

    Antes de mais nada vale citar Cabral que tanto em O ENGENHEIRO e em PSICOLOGIA DA COMPOSIÇÂO nos dá uma aula de o quanto a poesia basta ser livre e simplesmente ser escrita, independente.

    " [...]
    são a morte (a espera da)
    atrás dos olhos fechados;"
    (João Cabral de Melo Neto, As nuvens. O ENGENHEIRO)

    " [...]
    Neste papel
    pode teu sal
    virar cinza;
    pode o limão
    virar pedra;
    o sol da pele
    o trigo do corpo
    virar cinza"

    (João Cabral de Melo Neto, Psicologia da Composição. PSICOLOGIA DA COMPOSIÇÃO)

    Grato pela atenção e pela crítica...

    Jorge Raimundo.

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  3. Jorge Raimundo!Então é você o senhor que me chama de senhorita? Muito prazer! Sou clara-mei! É! Pelo visto seu primeiro comentarista neste texto não leu "Poliana" de Eleanor H. Porter. Deixa pra lá... Foi pelo título "Pollyana" que cheguei ao poema.
    Usando o gancho: Você diz: "Estrelas me cobrisse" ele diz: Estrelas que me cobrissem" eu digo: ESTRELAS TE DESCUBRAM! E nada nem o brilho das galáxias te ofusquem, você, sua poesia merecem, devem estar a descoberto, ser vistos. Feliz Páscoa! Fraterno abraço!

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